tag:blogger.com,1999:blog-70244860807724679162024-03-19T11:43:36.094-07:00Écran NaïfANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-57361905845089922872008-08-26T17:15:00.000-07:002008-08-26T17:16:55.133-07:00Intermissão<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR19d23XJIVsWZ5RTrIY9F9flU-zZbHEkX5u3SSMebtbNxSPyVM-YRlHTEjuzZrZb39vDVHJvE4z6aIPtaciUeP2GdV7njTnk4fHwYjgqpDzAONbNwfaixhJWLe5beMPrE6KJtb9VDqS0/s1600-h/Robert_Crumb.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238984592596368402" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR19d23XJIVsWZ5RTrIY9F9flU-zZbHEkX5u3SSMebtbNxSPyVM-YRlHTEjuzZrZb39vDVHJvE4z6aIPtaciUeP2GdV7njTnk4fHwYjgqpDzAONbNwfaixhJWLe5beMPrE6KJtb9VDqS0/s320/Robert_Crumb.jpg" border="0" /></a> Robert Crumb<br /><br /></div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-18510096113782295052008-04-06T02:44:00.000-07:002008-08-27T16:27:05.931-07:00Um pardal e o tempoO passarinho, num planar desenvolto desenhou duas elegantes piruetas. Em simultâneo, no chão, mas num plano bidimensional, semelhante desenho se afigurou por intervenção dessa abstração chamada sombra. Todavia o traçado, aéreo e terreno, no imediato se desintegrara. Apenas a memória, confidente da acção, recorda tamanha beleza. E nada mais tenho na algibeira para provar tão extraordinário fenómeno.<br /><br />O presente é passado, o futuro é agora.<br /><br /><div align="center">Anónimo</div><br /><br /><br /><div align="justify"></div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-69323222988959005382008-02-23T18:52:00.000-08:002008-02-23T19:02:24.331-08:00O homem, a obra<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5170374580359237394" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3Oe9psbInc8a_GjyqUEETRtC5FhLCzlQTCVivxPUKc1vu1uQwTDzZKotYclVaaDU7RhWfOgMQ1V0zE68-xPdbsaTNVdeRf-ibkRU2K4pFgiWNlo68CK40n_A9S3AJlMTn0XQxx_bomIE/s320/ball.bmp" border="0" /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPd68Ps_ZnEuB6s5ETsp7CjNfJqy-eoITdBVhON_puRaljFfUfIqaXT73pTdh_ucoWFzaAs9Wv7jGVDcMWODka3qw2GHqUZjyt6k4Pxk2TW7lT8EgSiPCQH5sBdHnSq0hrkwZ4w1DY1qU/s1600-h/ballas.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5170375593971519266" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPd68Ps_ZnEuB6s5ETsp7CjNfJqy-eoITdBVhON_puRaljFfUfIqaXT73pTdh_ucoWFzaAs9Wv7jGVDcMWODka3qw2GHqUZjyt6k4Pxk2TW7lT8EgSiPCQH5sBdHnSq0hrkwZ4w1DY1qU/s320/ballas.gif" border="0" /></a><br /><br /><div></div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-6715856464293784732008-02-23T17:45:00.000-08:002008-09-11T13:01:19.683-07:00Desalinhas?<div align="justify">Sei, por razões que muito devem às leis da probabilidade, o clicar oportuno do "enter" da inevitabilidade e cuja via da "rede" para aqui te encaminha, que o dobrar desta sineta, este apelo em código binário, te levará a encarar com seriedade uma ida ao desalinho.<br /><br />Assim sendo, e numa data a descombinar, proponho-te ir-mos ao mar recitar panfletos DADA, transformá-los em barcos de papel e um soldadinho de chumbo em cada um, embriagar a frota com combustível, lançá-la à água, e diluidos num ímpeto de piromania, incendiá-la. Ao mesmo tempo, com ou sem lira, invocando a memória de um outro Nero, cantar-se-iam os idiomas de Ball e Tzara. E isto, estaria criado o primeiro acto de uma poética violação às convenções internacionais marítimas pró-ambientais deste cínico ocidente. Para além do mais considero que ao Atlântico se reserve um regresso aos míticos naufrágios.<br /><br /><br /><br />Longa vida às trincheiras da arte.<br /><br /><br /><br />Anónimo</div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-1041961548632692222008-02-13T17:26:00.000-08:002008-02-23T18:44:28.340-08:00Aqui jaz Anónimo<br />um homem que dormiu demais<br />Não merecia isto.ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-35467598530657933502008-02-03T18:28:00.000-08:002008-02-03T18:30:05.550-08:00hi5 ou "Viva a monarquia!"<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUy4MflrykIAUXY6Tj03Z1mw0ZnxSaLxvFuiblCz3QBLA_spVAAkOzNwQAcJNsaMPxP9ThTNtvJnj1IFWKYy0esV1AD5IvaU-BffesJ1g1LM0a2E3w6CkXdbQ3r4rkCwQcXfHMgEt7AnQ/s1600-h/68_art13_04.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5162946373221400626" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUy4MflrykIAUXY6Tj03Z1mw0ZnxSaLxvFuiblCz3QBLA_spVAAkOzNwQAcJNsaMPxP9ThTNtvJnj1IFWKYy0esV1AD5IvaU-BffesJ1g1LM0a2E3w6CkXdbQ3r4rkCwQcXfHMgEt7AnQ/s320/68_art13_04.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-58846279882074783152008-02-03T17:33:00.000-08:002008-02-03T17:44:49.207-08:00NuméricaUm, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, quatorze, quinze, dezaseis, dezasete, dezoito, dezanove, vinte, vinte e um, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta, trinta e um, trinta e dois, trinta e três, trinta e quatro, trinta e cinco, trinta e seis, trinta e sete, trinta e oito, trinta e nove, quarenta, quarenta e um, quarenta e dois, quarenta e três, quarenta e quatro, quarenta e cinco, quarenta e seis, quarenta e sete, quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta, cinquenta e um, cinquenta e dois, cinquenta e três, cinquenta e quatro, cinquenta e cinco, cinquenta e seis, cinquenta e sete, cinquenta e oito, cinquenta e nove, secenta, secenta e um, secenta e dois, secenta e três, secenta e quatro, secenta e cinco, secenta e seis, secenta e sete, secenta e oito, secenta e nove, setenta, setenta e um, setenta e dois, setenta e três, setenta e quatro, setenta e cinco, setenta e seis, setenta e sete, setenta e oito, setenta e nove, oitenta, oitenta e um, oitenta e dois, oitenta e três, oitenta e quatro, oitenta e cinco, oitenta e seis, oitenta e sete, oitenta e oito, oitenta e nove, noventa, noventa e um, noventa e dois, noventa e três, noventa e quatro, noventa e cinco, noventa e seis, noventa e sete, noventa e oito, noventa e nove.ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-39540913132419437602008-02-03T17:14:00.000-08:002008-08-26T17:07:21.268-07:00TerapêuticaUma garrafa de absinto para combater as ideias vagas.<br /><br />Três dias de convalescência para substanciar a acção.<br /><br />Contadas as maçãs e depreciada a criação,<br /><br />outra garrafa de absinto para encarar o fracasso.<br /><br /><br /><div align="center">Anónimo</div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-56337970199737715612008-01-26T18:20:00.000-08:002008-01-26T18:24:48.326-08:00Ceci n´est pas une appropriation. Suivez la comète qui passe... (2)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEOpw3tvUuOD9ONWlDy39zD71y-4xPhyun6zOT7G0YmY7xzpCfK-yB7-6Eoj3Ub2YGSuLGJYuq_F4ndnWX8d2fhFQWKaMOqtaXk_q9e2uw5dn7UDr4ZW5Bn3gXFxIx_dEcKVlVJaODQHE/s1600-h/IMG_0446.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5159975613062234130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEOpw3tvUuOD9ONWlDy39zD71y-4xPhyun6zOT7G0YmY7xzpCfK-yB7-6Eoj3Ub2YGSuLGJYuq_F4ndnWX8d2fhFQWKaMOqtaXk_q9e2uw5dn7UDr4ZW5Bn3gXFxIx_dEcKVlVJaODQHE/s320/IMG_0446.jpg" border="0" /></a><br /><p></p><p align="center">Sweet Smoke - Just a poke (1970)</p>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-1363886112604238552008-01-26T16:14:00.000-08:002008-08-26T17:06:47.034-07:00O ventríloquoCerto dia, não consigo precisar a hora ou o local, nem tão pouco a origem ou o destino daquela caminhada, uma caminhada envolvedora por certo duma missão provavelmente a mim incumbida mas da qual não retenho qualquer pormenor, lembro-me sim do pesado cajado que penosamente carregava mas cujo conteúdo me era de todo desconhecido, o que também me parece não ser relevante para o episódio que aqui relato...mas certo dia, dizia eu, seguia uma longa recta de estrada. Era uma estrada de lajes soldadas a trevos e outras ervas rasteiras que, diga-se, muito abundavam dado serem raras as peregrinações locais. As bermas, também elas cobertas de um fresco verde estavam ornamentadas com abetos ordeiramente plantados e que se prolongavam num traçado paralelo até se juntarem naquele infinito chamado horizonte. A dada altura, envolvido pelo canto dos melros e dos rouxinóis, avisto um marco miliário e no qual se encontrava sentado um arlequim, ao seu colo uma bizarra marioneta. A personagem entregava-se a um interessante exercício ventríloquo. O discurso circunscrevia-se a um satírico monólogo. O domínio da arte era tal que em momento algum vislumbrara o mínimo movimento no rosto do rufião. Tinha sim um olhar vago, vidrado, adornado por uma máscara, o que me dificultava qualquer tipo leitura. O pequeno boneco sim, exprimia-se com gestos e voz que dir-se-ia alimentada de hélio, tudo isto recitado num cómico discurso. Toda a sincronia de palavras e movimentos que abençoava a marioneta eram tão só energia, vontade e saber administrado pelo arlequim, pelo menos assim se mo afigurava, e o resultado apresentava uma forma nova, genuína, pura. O monte de trapos era extensão do organismo do saltimbanco, era dificil estabelecer uma fronteira que delimitasse o indivíduo do objecto. Encarei este exercício invulgar como um lúdico passatempo para quebrar a monotonia do campo, para matar o tempo. Assisti deliciado a esta pequena performance teatral. Fora por breves instantes a sua plateia, único membro, diga-se, a não ser que os répteis e insectos que muito abundavam naquele solo ou os pássaros presentes nas ramadas fossem capazes de codificar aquela expressão artística em irracional prazer. E fora uma boa meia hora entregue a cantares de maldizer, a pensamentos populares, ideias revolucionárias, a adágios absurdos, a uma poesia absolutamente nova. Mas entardecia e tivera que seguir o meu rumo, despedi-me do arlequim inclinando a cabeça, e curiosamente a retribuição viera da marioneta. O Arlequim continuara imóvel como uma estátua, inexpressivo como um moribundo, nem um milimétrico contrair de músculo - impressionante. Fizera-me à estrada, meditei acerca daquele surreal momento, e no meio da dissertação ocorrera-me que talvez o boneco tivesse consumido a última réstia de humanidade daquele colorido senhor, tornando-o assim num fantoche sisudo condenado a guardião daquela estrada, ou então, um ganhara autonomia oral profissionalizando-se na arte da oração, enquanto o outro eclipsara-se num penoso e sombrio silêncio restando-lhe a ingrata tarefa de carregar o anão e assim ofertar-lhe o conforto necessário para lançar as farpas aos que por ali passam e não passam . Lá segui a passo a ainda extensa marcha a percorrer. Restava-me agora saber, de onde vinha para onde me dirigia e o que transportava comigo....<br /><br /><div align="center">Anónimo</div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-85466409244660043742008-01-04T12:32:00.000-08:002008-01-16T16:33:50.327-08:00Ceci n´est pas une appropriation. Suivez la comète qui passe...(1)<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9DtIOFVYsAs_PUdHDm4CJ9s868Dvc_liuri9swgVEJJ6q0nqkVJ7qmj2eqNpbSr-qCMI_AS_bu0MtjnPiLNyM7gkzb8v9QSuv3DoSQ3UVH9cU9gX1EeFQflmodHM4sFVSWtdyWA1HFq4/s1600-h/c69317737o0.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5154762880491183202" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9DtIOFVYsAs_PUdHDm4CJ9s868Dvc_liuri9swgVEJJ6q0nqkVJ7qmj2eqNpbSr-qCMI_AS_bu0MtjnPiLNyM7gkzb8v9QSuv3DoSQ3UVH9cU9gX1EeFQflmodHM4sFVSWtdyWA1HFq4/s320/c69317737o0.jpg" border="0" /></a> </div><div align="center"><span style="font-size:78%;">Long Fin Killie-Houdini (1995; Too Pure)</span> </div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-24098377403880343732007-12-23T17:13:00.000-08:002008-01-12T16:14:58.059-08:00MetamorfoseSerpenteava um sinuoso troço de cascalho flanqueado por densa vegetação e serra.<br />Pelo caminho inquiri as criaturas nativas acerca da fóz do seu destino.<br />Para meu malogro o idioma dos bichos era-me incompreensível.<br />Sons angulares e gesticulações frenéticas conjugavam-se numa teatral represenção de códigos absurdos.<br />Em breve, perdido sob um céu escurecido, acendiam-se as primeiras centelhas de estrelas.<br />Então, ali, junto a um milenar monolito contemplei o firmamento.<br />Desenhado pelos astros, destacava-se lá no alto um papagaio, um papagaio igual aos engenhos de pau e papel que anarquicamente delineavam movimentos sem nexo nas praias da minha infância, mas a brisa que se fazia sentir neste momento não desmobilizava o objecto.<br />Mais tarde revelou-se-me que de facto as estrelas, dada a sua distância,<br />estariam imunes aos caprichos do vento. Com maior rigor observei que o complexo astral em questão mais não era que coração do pastor Orionte, deitando por terra aquela minha visão.<br />A dada altura, depois deste devaneio e iluminado pelo luar, tornara-me também eu bicho deste extenso domínio.<br />Deixara de me preocupar com qualquer paradeiro , encontrara a paz.<br />Aqui as águas frescas embriagam e a poesia é eterna. Nada me falta.<br /><br />Celebrei esta libertação aos úivos.ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-11885166652711027402007-10-19T22:01:00.000-07:002008-01-26T16:13:58.268-08:00Até mais ver (Village Vanguard, live)Até mais ver...<br /><br />Até mais ver, sonâmbulo das vinte e quatro horas<br /><br />Até mais ver, insolente embriagado. Rum e parcos cêntimos na algibeira<br /><br />Até mais ver, iluminado pela intermitência de neons, neons que ferem a vista; azuis e rosas fluorescem numa promíscua e subliminar referência ao vício - deslumbrados pelo acolhimento voltámos a ser crianças<br /><br />Até mais ver, envolvido pelo novoeiro da vila<br /><br />Até mais ver...<br /><br />Até mais ver, passador de sonhos ilícitos. Do outro lado da rua, são putas e são chulos e são toda uma fauna a transpirar líbido a saldo<br /><br />Até mais ver, viajante solitário e gatos com cio<br /><br />Até mais ver, no trilho de passeios mal iluminado<br /><br />Até mais ver, e o último eléctrico passa<br /><br />Até mais ver, e uma bagatela por uma sopa nocturna<br /><br />Até mais ver, eu fico por esta pensão<br /><br />Até mais ver, príncipe da zaragata e uma cicatriz no sobreolho<br /><br />Até mais ver, discípulo de Parker, Monk e Coltrane, e todos os outros mais, subversores da confortavel rotina. Biséis oxidados, caldos de conteúdo nutrituvo duvidoso e bop endiabrado - ferramentas de uma nova doutrina<br /><br />Até mais ver, e um cadáver a boiar no canal<br /><br />Até mais ver, no ano de mil e nove centos e oitenta mil. Até lá, salda a tua dívida<br /><br />Até mais ver, e siluetas nos telhados miram siluetas noutros telhados que miram outras siluetas anónimas, ali, na esquina do pub que está fechado<br /><br />Até mais ver, vómito, urina e escarro ornamentam um fresco de graffitis no portal daquela unidade fabríl<br /><br />Até mais ver...<br /><br />Até mais ver, na insónia, na ingestão descontrolada de fármacos, e a tv ligada num canal em fim de emissão<br /><br />Até mais ver, no álcool e nos dedos amarelecidos pelos cigarros consumidos uns atrás dos outros, na enxaqueca e no amaldiçoar da má fortuna, na solidão e na amargura das palavras<br /><br />Até mais ver, no caír da noite, no recolher da cidade, no despertar dos ratos<br /><br />Até mais ver...até mais ver.ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7024486080772467916.post-7034186634649853682007-06-16T15:57:00.000-07:002007-06-16T16:04:23.650-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikLPrVvdjbd5zb9As-YZd32V9w1APcLxKFS2CWLRRqHK53xNuqyFdpF0-8-PibFONMhxNFPQho4_LdxuL7iqQOYyBdxJ7m49kj24FZ3Hzo05D8qMDdo17vaDoe11EIbAn9QdsdkI5Zo30/s1600-h/Digitalizar0001.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076801615055470130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikLPrVvdjbd5zb9As-YZd32V9w1APcLxKFS2CWLRRqHK53xNuqyFdpF0-8-PibFONMhxNFPQho4_LdxuL7iqQOYyBdxJ7m49kj24FZ3Hzo05D8qMDdo17vaDoe11EIbAn9QdsdkI5Zo30/s320/Digitalizar0001.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirj59n8Uw0l6VaAhIb2YJqfBhlSgsBVkQU6apMyNtHn0VhnfUgOvM2Sd5S5-khfmloV052zI5gs1fUfkYRTMqhvQ2MYJs8ttz79hfh2G5JvBrv03sNdP4pmoTK9JydktIGhBDYLBNEKt4/s1600-h/Digitalizar0001.jpg"></a><br /><br /><div></div></div>ANÓNIMOhttp://www.blogger.com/profile/13256665016560005879noreply@blogger.com0